segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Chá com cheiro de Chuva

Quase meia noite,
Meu ultimo gole de chá,
Sinto cheiro de chuva,
E, enquanto me redobro de desejo,
Ela bate na porta em prantos.
O chá que aqueceu meu estomago faminto,
Já não tem efeito com o frio que se estabelece,
Formam-se poças de lama,
Porém menos sujas do que as almas humanas.
Uma gota invade minha cama,
Desejo molhar-me como fiz há anos,
Como meus olhos fizeram há pouco.
O Chá, o fogão tudo pálido,
Tão cicatrizados na alma desta cozinha gentil.
Muitos comemoram,
A sede que passava por tantas bocas enfim morrera,
Ou pelo menos adoecera.
Mais um dia, mais um chá, mesma vontade de entrar nas lacunas perdidas,
Perdidas pelo tempo, perdidas pela vida,
Perdidas por mim.
O barulho cada vez mais forte
A magia acompanha e me atravessa
Assim como se eu estivesse bezendrinada,
E mesmo sem nunca ter sentido o sabor,
Tenho as mais brutas e ininterruptas alucinações,
Minha mente é meu próprio alucinógeno.

Depois de noites o sono me deixou,
Deve ter ido atrás de alguma prostituta para se satisfizer,
Cansou de ver minhas noites chatas, de sonhos melancólicos,
Deve esta observando o amor feito por um casal,
Ou talvez uma criança de berros matinais.
Sono sem compaixão.
Não percebe que é nele que me refugio,
Busco esconder-me de tantas alucinações,
É nele que sinto a vida acalmar,
Mesmo nas prateleiras cheias de esterco. (...) Continua.

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