Analise Literária

O texto é de autoria de Helaine Mirian Sales de Araujo; 


NARRADORES DE JAVÉ. 

Introdução
     Em todos nós se tem um instinto de proteção pelo que temos, amamos, queremos e talvez até por aquilo que nem nos pertence, e ao mesmo tempo é de nosso poder. Consideramos que tudo importante para nós deva ser obrigatoriamente, importante para os demais, sem considerar que estes possuem interesses alheios a este raciocínio. Um grande exemplo é o sofrimento que passam aqueles que vivem em espaços considerados insignificantes para muitos, cidades pequenas, favelas, povoados, entre outros. Nestes locais a opinião de quem vive, revive e convive com tudo aquilo que se passa ali, não tem volume e não é respeitada por os que se denominam grandes e poderosos. No filme “Narradores de Javé” se enxerga uma cidade mais que concreto, uma cidade de histórias e sentimentos, através destas uma construção de valores e cultura presentes na maioria dos lugares, dos mesmos lugares que se chamam pequenos.   

  
Água sem dores
     Rotineiramente, construímos aquilo que nos dê um sentido para existência. Em muitos espaços e em muitas pessoas se constroem cidades de importância e valores imensuráveis, de uma cultura guardada em rostos e marcas deixadas pelo tempo. No filme: “Narradores de javé” discute-se justamente qual a importância do espaço para aqueles que fazem parte e o valor para os que não fazem. O desespero com a chegada de uma represa, o medo da perda, faz com que estes busquem no fundo de suas mentes os acontecimentos marcantes do Vale de Javé, e as escrevam no “Livro da Salvação” sendo a saída encontrada para provar que a cidade possui um valor histórico a ser preservado. Porém, não é apenas pelos seus lares que este povo chora, e sim pelas lindas histórias que marca a cidade, e principalmente cada habitante. Em todo o drama envolvemo-nos com as versões mais estúpidas e mais formosas da criação e sustentação de Javé. Lutas, ironias e desavenças incrementam a história. Nas várias versões os heróis da história mudam de acordo com aquele que conta, trazendo a tona o desejo de cada um ser ele mesmo o dono dela.
     Cada espaço é valorizado conforme aqueles que o habitam.  Javé apesar de ser pequena, possui grande importância para seu povo, todos incluem na cidade um sentimento de amor, e guardam nela suas lembranças, suas aventuras, e suas perdas, por esse motivo Perde-la é perder a si mesmo e sua essência. A igreja com a força para ser colocada de pé trazia consigo o sino a maior herança cultural de Javé, e aqueles que ali estavam o considerava a prova da força deste povo. Eliane Caffé reúne de forma belíssima, muitos elementos para discussão, talvez seja este o motivo desta obra ter ganhado oito prêmios, pela sua forma bruta, realista e de uma perspectiva humana surpreendente. Escreveu pensando em cada personagem características próprias como Biá, o fofoqueiro, carteiro e posso até atribuir o papel de historiador, e a forma como tal interferem na história.  Contudo, quem conta esta história não é Biá e sim Zaquel, um dos moradores e idealizadores do livro.
    Nas maiores dores se ama, e o povo de Javé amou-a até seu ultimo espaço seco, e depois quando veio à água, água sem dores, de tão importante a cidade se reconstruiria, pois seu povo era seu maior espaço. Cada depoimento daqueles que ali passaram nos leva a crer que Javé guardaria eternamente todo aquele que por ela passou, cavalheiros, guerreiros, sofredores, mortes e nascimento. Neste instante veio-me o sentimento da perca, mais humana do que está nos livros, mas dolorosa do que está nos contos, à dor real de se ver destruído. O seu presente, passado, e futuro se banham na construção de cada palavra dita nos depoimentos “javelicos”.
    Não é apenas na ficção que o temor ronda aqueles “pequenos”, Jaguaribara, cidade cearense que também sofreu por medo das águas é um grande exemplo de dor, luta e superação. Hoje a Nova Jaguaribara tenta suprir as necessidades daquela população, porém todos mesmo longe sabem que jamais se substitui o que se faz parte de uma vida, de uma história. Não se esperaria deles esquecer as suas raízes, dos queridos, das pedras que calçaram um dia aquelas ruas por onde elas passaram e da igreja onde sua fé se renovava. Em uma citação 10 anos depois se revela as emoções e o sofrimento: “O sertão que virou mar diante dos "jaguaribarenses", há mais de uma década, voltou a emocionar a população, quando a seca decidiu revelar as ruínas da antiga cidade. O Açude Castanhão, responsável por transformar a vida de inúmeras famílias, hoje devolve um pouco de uma história de luta e partida, acompanhada de momentos importantes da cidade e do Estado.” (Regional: Diário do Nordeste). O que expressar em um momento em que um filme passa pela sua cabeça ao relembrar até das luzes que um dia clarearam os romances, e os encontros de amizades nas praças, calçadas e bares. Como tentar saber as lembranças da primeira escola, onde se caiu, correu com os primeiros colegas? De forma simples, não se pode. 
No filme expressa também a força econômica e desvalorização de caracteres humanos, levando em conta a critica para a sociedade: o lucro vale mais do que bens interiores, relações pessoais, onde o melhor para uns é prejudicial aos demais. Assim quando as pessoas forem apenas pessoas que entendem, os lugares seriam lugares os quais viver seria o bastante pra continuar seguindo. Logo que o ser humano é importante, os espaços que eles estão assemelhasse como parte do seu próprio ser, e sua perca como quebra de sua sobrevivência.


 

Conclusão
Tanto javé como Jaguaribara, ficção e realidade nos trazem acima de tudo a importância de um conjunto que priorizamos e consideramos essencial para o bem-estar, uma vida digna e para a tão sonhada felicidade. Por experiência própria, a perca nos leva a um estágio de permanente lamentação e saudade, são estas que nos alimentam para uma continuação em um novo lugar, lar, um novo modo de enxergar e se conformar que o passado que tanto amamos permanecerá no futuro que nós mesmos construímos.



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Morro dos Ventos Uivantes

Texto: HelaineMirianSalesdeAraujo 

Resumo
Na fazenda chamada Morro dos Ventos Uivantes nasce uma paixão devastadora entre Heathcliff e Catherine, amigos de infância e cruelmente separados pelo destino. Mas a união do casal é mais forte do que qualquer tormenta: um amor proibido que deixará rastros de ira e vingança. "Meu amor por Heathcliff é como uma rocha eterna. Eu sou Heathcliff", diz a apaixonada Cathy. Na história Quando Heathcliff fica sabendo que ela vai casar com Edgar Linton (Simon Sheperd), um homem rico e gentil, Heathcliff foge para fazer fortuna, ignorando o fato de que Catherine o ama, e não o futuro marido. Dois anos depois, Heathchliff retorna para vingar-se de Hindley e Edgar e do abandono que Catherine lhe infligiu.
O único romance escrito por Emily Brontë e uma das histórias de amor mais belas de todos os tempos, O morro dos ventos uivantes é um clássico da literatura inglesa e tornou-se o livro favorito de milhares de pessoas. Não é um romance comum, não espere flores, beijos e amor de uma forma inocente e contida. Espere algo mais extremo, animalesco, amor e ódio o tempo todo se tocando, forçando o outro a prevalecer.

Introdução
Falar da personalidade dos personagens centrais é algo difícil, e avassalador. Avassalador pelo fato de tamanho amor e crueldade em cada um, das diferentes situações que cada um pode ser vitima ou vilão.
Para analisar se é necessária extrema atenção a cada detalhe, palavra e olhar encontrados no filme, não é apenas o texto, mas também a bela e estonteante interpretação que dá veracidade a história. Explicar como é o corpo de alguém é algo simples, característico, porém ao se tentar avaliar o psicológico se encontra barreiras, as quais quebradas ao aprofundamento e a entrega para o estudo e mesmo assim não se consegue avaliar totalmente, pois até mesmo uma história e seus personagens têm mistérios indecifráveis até mesmo para o próprio autor.


Heathcliff

Heathcliff, apresentado ao publico como menino adotado por um fazendeiro, calado, aparentemente bondoso, grato e misterioso, já que em toda a história não se sabe sua verdadeira origem. Após a morte do seu pai adotivo Heathcliff se depara com o desprezo do seu irmão de criação e o carinho da sua irmã. A partir daí aquele menino crescia conturbado, porém alimentado para viver por Cathy. Todas as circunstâncias da história o tornaram vingativo abusivo e escarnecedor, assim extrapolando os limites da sociedade. O amor por sua irmã o tornou obsessivo e incontrolável. Heathcliff também é apaixonado, um herói romântico, sendo mais conhecido por seu amor por Catherine do que por seus anos finais de vingança,  homem amargo e atormentado. Sua natureza complexa, fascinante e totalmente bizarra faz dele um personagem raro e muitas vezes difícil de avaliar, com componentes mistos de herói e vilão. Seu comportamento extremo faz o colocarmos como um vilão, o qual não se poupa seu próprio filho para uma vingança a qual a sua ganância, não pelas fortunas, mas sim por Catherine o torna infeliz e apegado ao fim. Em uma das suas belas explanações Heathcliff exprime seu amor e sua tristeza por um amor separado pelo destino e pelo desejo cruel de culpar a todos por sua vida escura e amedrontada: “Se olho para essas lajes, vejo nelas gravadas as suas feições! Em cada nuvem, em cada arvore, na escuridão da noite, refletida de dia em cada objeto, por toda a parte eu vejo a tudo imagem! Nos rostos mais vulgares dos homens e mulheres, até as minhas feições me enganam com a semelhança. O mundo inteiro é uma terrível testemunha de que um dia ela realmente existiu, e eu a perdi para sempre.” (Heathcliff)
 Pode se concluir sobre a personalidade envolvente de Heathcliff que ele se detestava demais para ser feliz, por sua vida, Catherine, findar-se daquela maneira, doente e culpando-o por aquele modo maltratado de partir. Jamais saberemos os reais e fictícios sentimentos daquele homem, porém sempre o definiremos como único e esplêndido tanto em seus prazeres, seus amores, seus demônios,  como pelos seus terrores.

 Catherine


Considerada a heroína da história, porém também pode ser encarregada de culpa por toda a trama. Uma jovem mimada, por isso sempre muito exigente, e envolvendo Heathcliff a cada momento, em cada sorriso, de espírito livre e belo. Porém também rancorosa arrogante e explosiva. Choros, sentimentos intensos e variações de humor a caracterizam. Cathy, uma menina a qual os desejos elevados acima de qualquer circunstância, provocam amor, paixão, ódio e vingança. O seu encanto e sua maneira carinhosa de tratar heathcliff, desde que o mesmo passou a sofrer com o desprezo do seu irmão, fez crescer um amor lindo, doentio e cruel. Cathy também deixou marcado seu egoísmo, onde escolheu a felicidade do seu corpo e não de sua alma, também ao insistir arduamente que culpa de todo o desespero sombrio que a rodeava era daquele que ela tanto amou Heathcliff. Suas ações nos fazem perceber qual tamanha vilania da romântica e doce Cathy, transformou o amor intenso e já avassalador de um homem em uma arma capaz de ceifar a vida de toda uma geração. Seu personagem, é em si o motivo de toda uma vingança. Gananciosa, pois Catherine cresce ao lado de Heathcliff, e apesar de amá-lo, não o considera digno de ser seu marido, por sua classe social. Porém se percebe confusa, por amá-lo, culpá-lo, e abandoná-lo quando nada mais os impede. Ao afirmar que: "Meus maiores sofrimentos neste mundo têm sido os sofrimentos de Heathcliff; fui testemunha deles e senti-os todos, desde o começo. Meu maior cuidado na vida é ele. Se tudo desaparecesse e ele ficasse, eu continuaria a existir. E se tudo o mais ficasse, e ele fosse aniquilado, eu ficaria só num mundo estranho, incapaz de ter parte nesse mundo. E o meu amor por Heathcliff é como as rochas eternas que ficam debaixo do chão; uma fonte de felicidade quase invisível, mas necessária. Eu sou Heathcliff. Sempre, sempre o tenho no meu pensamento. Não é como um prazer - porque eu também não sou um prazer para mim própria - mas como o meu próprio ser.” destorce todo um amor, apresenta-o como sua vida, como sua única vida, porém seus pensamentos e sentimentos não conseguem fazê-la entregar-se, viver verdadeiramente um grande amor. Pretensiosa de tal maneira que se julga boa demais para viver com um cigano, assim se achando merecedora de um casamento de grandeza. Chegou ao casamento sem amor com Linton, destruindo assim vidas ao seu redor: “Meu amor por Linton é como a folhagem da mata: o tempo há de mudá-lo como o inverno muda as árvores - isso eu sei muito bem.” Porém nem mesmo o tempo conseguiu a extinção daquela intensa loucura. Toda a sua maneira de ser até a sua morte transformou histórias, acumularam desesperos e enterraram vidas, sendo assim posso então concluir: está jovem como heroína da sua própria tragédia.


Amor de Heathcliff
Heathcliff a amou intensamente, obsessivamente e docemente. A amou de tal forma que levou sua vida a um caos, abandonando toda a sua bondade, se houve um dia, para apenas lamentar e culpar-se por amá-la tanto. Heathcliff a amou de tal forma que a sua morte matou também “Beije-me uma vez mais, e não me deixe ver os seus olhos! Perdôo-lhe o que você fez. Amo a minha assassina... mas não a sua! Como poderia?”. Conclui-se que se amaram verdadeiramente acima de qualquer força, porém menor que qualquer maldade.




Conclusão
Concluímos então que esta bela obra nos leva a pensar até onde nos levar a força de um amor, até onde a paixão respira. Leva-nos a observar a vida traiçoeira e gentil onde sempre acaba nos levando a um tormento exagerado e a um final extremamente feliz.




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